quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Províncias Romanas Apagadas ou Renomeadas: A Geopolítica do Esquecimento


 O Império Romano não apenas conquistou territórios — ele os reconfigurou. Ao longo dos séculos, diversas províncias foram absorvidas, renomeadas ou apagadas, num processo que misturava dominação militar, assimilação cultural e engenharia política. Muitas dessas regiões deixaram de existir como entidades reconhecíveis, e seus nomes sobreviveram apenas em textos antigos ou como sombras na memória histórica.

Dácia → Romênia - a 1ª razão de eu ter começado esta divagação e pesquisa.

  • Antes: Reino guerreiro ao norte do Danúbio.

  • Depois: Conquistada por Trajano em 106 d.C., tornou-se a província da Dácia, mas foi abandonada no século III. A cultura dácia foi absorvida, e o nome sobrevive apenas como referência histórica, porque os Romanos fizeram questão de apagar esse nome e substituir por Romania, como demonstração cabal do seu poder e do desdém pela cultura "assimilada" .

Cartago → África Proconsular - a celebre e dramática história de ASDRÚBAL o Beotarca.

  • Antes: Potência fenícia rival de Roma.

  • Depois: Após sua destruição em 146 a.C., foi reconstruída como colônia romana e transformada na província de África Proconsular.

Ilíria → Balcãs Ocidentais - A tática de “dividir para governar” — ou divide et impera

  • Antes: Região tribal dos ilírios.

  • Depois: Dividida em várias províncias romanas (Dalmácia, Panônia, etc.). O nome “Ilíria” desapareceu como unidade política. Ainda hoje temos a Croácia, Bósnia, Montenegro, Albânia, etc.

Trácia → Bulgária e Grécia

  • Antes: Reino com forte identidade cultural.

  • Depois: Tornou-se província romana em 46 d.C. e foi gradualmente romanizada. O nome “Trácia” sobrevive como termo geográfico, mas não político.

Numídia → Argélia

  • Antes: Reino berbere aliado de Roma. Numídia foi aliada de Roma contra Cartago. O rei Massinissa foi um dos grandes aliados romanos, ajudando a derrotar Aníbal (general que assumiu o posto depois da morte de Asdrúbal).

  • Depois: Com a morte do rei e a divisão entre os filhos, foi incorporada como província e posteriormente fundida com a Mauritânia. A identidade Numídia foi apagada.

Nabataia → Arábia Pétrea

  • Antes: Reino árabe com capital em Petra. A Nabataia ocupava áreas da atual Jordânia, Arábia Saudita, Síria e Israel.

  • Depois: Anexada por Roma em 106 d.C. e transformada na província de Arábia Pétrea. A cultura Nabateia foi absorvida.

Britânia → Inglaterra

  • Antes: Povos celtas e pictos. Embora não houvesse um “país” unificado, havia redes comerciais e diplomáticas com a Gália e outras regiões europeias.

  • Depois: A parte sul da ilha foi romanizada e transformada na província da Britânia. Após a retirada romana, a identidade celta foi marginalizada. Os romanos fundaram Londinium (Londres), construíram estradas e fortalezas, e começaram a romanizar a população local.

Gália → França, Bélgica, partes da Suíça, Países Baixos e Alemanha ocidental

  • Antes: Povos celtas, guerreiros ferozes e um cultura rica..

  • Depois: A conquista foi brutal: cidades destruídas, populações escravizadas, e a elite tribal desmantelada. Após a conquista, a Gália foi dividida em várias províncias: Gália Cisalpina (norte da Itália), Gália Narbonense (sul da França), Gália Lugdunense, Aquitania e Belgica (interior e norte), Lugdunum (atual Lyon) tornou-se a capital administrativa da Gália. Os romanos construíram estradas, aquedutos, templos, anfiteatros e cidades planejadas. O latim substituiu gradualmente as línguas celtas, e o cristianismo começou a se espalhar no século III.


Judeia → Palestina - a 2ª razão para fazer esta pesquisa e desabafo. 

Um dos casos mais simbólicos é o da Judeia, território habitado pelos judeus e palco de intensas tensões com Roma. Após sucessivas revoltas judaicas — especialmente a Revolta de Bar Kokhba (132–135 d.C.) — o imperador Adriano decidiu apagar a identidade judaica da região. Ele renomeou a província como Syria Palaestina, inspirando-se nos antigos filisteus, inimigos bíblicos dos israelitas. Essa mudança não foi apenas geográfica, mas profundamente simbólica: uma tentativa de erradicar a ligação dos judeus à sua terra ancestral.


Reflexão Histórica

A renomeação de províncias não era apenas uma questão administrativa — era uma forma de dominação cultural. Ao apagar nomes, Roma apagava histórias. O caso da Judeia transformada em Palestina é um exemplo claro de como o império tentava reescrever a memória coletiva de um povo. Outras regiões, como Dácia, Cartago e Trácia, também foram vítimas desse processo de dissolução identitária.

Hoje, muitos desses nomes ressurgem em estudos arqueológicos, textos clássicos e debates sobre identidade nacional. Mas o legado romano permanece: um império que moldou o mapa — e a memória — do mundo antigo. Roma aplicou o princípio de “divide et impera”: fragmentou as tribos, recompensou líderes colaboracionistas e impôs leis romanas.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Fascismo, Nacional Socialismo e Comunismo faces diferentes da mesma moeda...

 Após ter lido sobre mais uma agressão num metro, e mais um assassinato de uma personalidade pública, senti necessidade de fazer jus a uma das liberdades que as Constituições Nacionais têm tendência a apregoar, e escrever algo sobre o assunto. 

A liberdade de expressão: Artigo 37º - liberdade de expressão e informação.
Rodeados por jornais e média cada vez unilaterais e encomendados por ideologias especificas e privadas, 
ter a informação toda e isenta, deixa de ser um fator fácil de acontecer. 

Curiosamente uma constante pouco admitida e pouco falada dos regimes totalitários. E é aqui que entra a razão para eu iniciar este desabafo. 

Embora o fascismo, o nacional-socialismo e o comunismo se apresentem como ideologias distintas, todos compartilham um traço essencial: a supremacia do Estado sobre o indivíduo. São faces de uma mesma moeda autoritária, que rejeita a autodeterminação popular e perpetua o controle das massas por uma elite dirigente. Onde está a revolução?

Onde está a anulação das classes e a igualmente entre cidadão? Não está, o Povão é sempre igualmente pobre e só uns poucos lucram com isso. Eu explico.


1- O Estado como entidade absoluta

Todos esses sistemas colocam o Estado como centro da vida social, política e moral:

  • Fascismo (Mussolini): “Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado.”
  • Comunismo (Estaline): O Estado controla a produção, a imprensa, a educação, e elimina qualquer oposição.
  • Nazismo (Hitler): O Estado é o guardião da raça e da nação, com poder total sobre os cidadãos.

Em todos os casos, o Estado não é um reflexo da vontade popular, mas um instrumento de dominação, que molda o indivíduo segundo os interesses da elite.


2- O Partido Único e o culto ao líder

Esses regimes aboliram o pluralismo político e criaram cultos de personalidade:

Regime

Partido Único

Líder como figura quase divina

URSS

Partido Comunista

Estaline como “Pai dos Povos”

Itália

Partido Fascista

Mussolini como “Duce”

Alemanha Nazi

Partido Nazista

Hitler como “Führer”

O Estado torna-se inseparável do líder, e o povo é reduzido a massa obediente. E nem estou a procurar outros países, nem outros exemplos, talvez por preguiça de ouvir o mesmo tantas e tantas vezes: Coreia do Norte, China, Cuba, VietNam, Laos, Venezuela, Nicarágua, São Vicente e Granadinas, Bielorrússia, Rússia, tristemente até o próprio Brasil .   

  

3- Repressão e vigilância

Todos os regimes usaram polícia secreta, campos de concentração ou gulags, censura e propaganda:

  • NKVD na URSS, Gestapo na Alemanha, OVRA na Itália.
  • Controle total da imprensa, da arte, da educação.
  • Eliminação de dissidentes, minorias e “inimigos do povo”.

O Estado não protege o cidadão — protege-se de qualquer ameaça ao seu monopólio de poder.


4- A falácia da liderança necessária

A ideia de que “o povo nunca pode viver em anarquia sem liderança” é uma narrativa construída pelos próprios regimes autoritários para justificar o controle. Mas pensadores como:

  • Bakunin defendiam que a ordem pode surgir da cooperação voluntária.
  • Kropotkin via a solidariedade como base natural da sociedade.

A liderança centralizada não é uma necessidade — é uma imposição histórica que serve aos interesses de quem detém o poder.


Elementos comuns entre Comunismo, Fascismo e Nacional-Socialismo

Resumindo das análises :

  • Centralização extrema do poder: Um partido único, um líder supremo, e nenhuma oposição permitida.

  • Culto à personalidade: Estaline, Hitler, Mussolini, Kim Jong-un — todos elevados à condição de figuras quase divinas.

  • Supressão das liberdades individuais: Censura, perseguição política, vigilância, campos de trabalho ou concentração.

  • Propaganda e manipulação das massas: Uso sistemático de símbolos, slogans e controlo da educação.

  • Economia dirigida ou controlada pelo Estado: Seja pela planificação comunista ou pelo corporativismo fascista.

  • Militarização da sociedade: Exaltação da força, disciplina e obediência como virtudes cívicas.


Assim, estamos a ser enganados por duas ideologias que utilizam ideias "diferentes" para terem os mesmos resultados. Com dois lados a digladiarem-se, quase a degolarem-se por pensarem diferente, cujo objetivo é o mesmo. 

A Esquerda diz os maiores disparates. Faz as maiores estupidezes, apoiando forças que são contra os seus valores. Os media e serviços de informação ampara-lhes os golpes, concordando e apoiando. 

Os defensores de ideias de Direita ou até Conservadores são atacados, são mortos e enxovalhados, com a aprovação desses média e serviços de informação. 

Os Islâmicos protegidos e amparados pelos povos mais evoluídos e ricos, mesmo tendo ideais postos. 

Os cristão vão sendo mortos e eliminados em diversos países, sem o assunto ser abordado sequer em praça pública. 


Que mais posso eu dizer? 




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