O Império Romano não apenas conquistou territórios — ele os reconfigurou. Ao longo dos séculos, diversas províncias foram absorvidas, renomeadas ou apagadas, num processo que misturava dominação militar, assimilação cultural e engenharia política. Muitas dessas regiões deixaram de existir como entidades reconhecíveis, e seus nomes sobreviveram apenas em textos antigos ou como sombras na memória histórica.
Dácia → Romênia - a 1ª razão de eu ter começado esta divagação e pesquisa.
Antes: Reino guerreiro ao norte do Danúbio.
Depois: Conquistada por Trajano em 106 d.C., tornou-se a província da Dácia, mas foi abandonada no século III. A cultura dácia foi absorvida, e o nome sobrevive apenas como referência histórica, porque os Romanos fizeram questão de apagar esse nome e substituir por Romania, como demonstração cabal do seu poder e do desdém pela cultura "assimilada" .
Cartago → África Proconsular - a celebre e dramática história de ASDRÚBAL o Beotarca.
Antes: Potência fenícia rival de Roma.
Depois: Após sua destruição em 146 a.C., foi reconstruída como colônia romana e transformada na província de África Proconsular.
Ilíria → Balcãs Ocidentais - A tática de “dividir para governar” — ou divide et impera
Antes: Região tribal dos ilírios.
Depois: Dividida em várias províncias romanas (Dalmácia, Panônia, etc.). O nome “Ilíria” desapareceu como unidade política. Ainda hoje temos a Croácia, Bósnia, Montenegro, Albânia, etc.
Trácia → Bulgária e Grécia
Antes: Reino com forte identidade cultural.
Depois: Tornou-se província romana em 46 d.C. e foi gradualmente romanizada. O nome “Trácia” sobrevive como termo geográfico, mas não político.
Numídia → Argélia
Antes: Reino berbere aliado de Roma. Numídia foi aliada de Roma contra Cartago. O rei Massinissa foi um dos grandes aliados romanos, ajudando a derrotar Aníbal (general que assumiu o posto depois da morte de Asdrúbal).
Depois: Com a morte do rei e a divisão entre os filhos, foi incorporada como província e posteriormente fundida com a Mauritânia. A identidade Numídia foi apagada.
Nabataia → Arábia Pétrea
Antes: Reino árabe com capital em Petra. A Nabataia ocupava áreas da atual Jordânia, Arábia Saudita, Síria e Israel.
Depois: Anexada por Roma em 106 d.C. e transformada na província de Arábia Pétrea. A cultura Nabateia foi absorvida.
Britânia → Inglaterra
Antes: Povos celtas e pictos. Embora não houvesse um “país” unificado, havia redes comerciais e diplomáticas com a Gália e outras regiões europeias.
Depois: A parte sul da ilha foi romanizada e transformada na província da Britânia. Após a retirada romana, a identidade celta foi marginalizada. Os romanos fundaram Londinium (Londres), construíram estradas e fortalezas, e começaram a romanizar a população local.
Gália → França, Bélgica, partes da Suíça, Países Baixos e Alemanha ocidental
Antes: Povos celtas, guerreiros ferozes e um cultura rica..
Depois: A conquista foi brutal: cidades destruídas, populações escravizadas, e a elite tribal desmantelada. Após a conquista, a Gália foi dividida em várias províncias: Gália Cisalpina (norte da Itália), Gália Narbonense (sul da França), Gália Lugdunense, Aquitania e Belgica (interior e norte), Lugdunum (atual Lyon) tornou-se a capital administrativa da Gália. Os romanos construíram estradas, aquedutos, templos, anfiteatros e cidades planejadas. O latim substituiu gradualmente as línguas celtas, e o cristianismo começou a se espalhar no século III.
Antes: Povos celtas, guerreiros ferozes e um cultura rica..
Depois: A conquista foi brutal: cidades destruídas, populações escravizadas, e a elite tribal desmantelada. Após a conquista, a Gália foi dividida em várias províncias: Gália Cisalpina (norte da Itália), Gália Narbonense (sul da França), Gália Lugdunense, Aquitania e Belgica (interior e norte), Lugdunum (atual Lyon) tornou-se a capital administrativa da Gália. Os romanos construíram estradas, aquedutos, templos, anfiteatros e cidades planejadas. O latim substituiu gradualmente as línguas celtas, e o cristianismo começou a se espalhar no século III.
Judeia → Palestina - a 2ª razão para fazer esta pesquisa e desabafo.
Um dos casos mais simbólicos é o da Judeia, território habitado pelos judeus e palco de intensas tensões com Roma. Após sucessivas revoltas judaicas — especialmente a Revolta de Bar Kokhba (132–135 d.C.) — o imperador Adriano decidiu apagar a identidade judaica da região. Ele renomeou a província como Syria Palaestina, inspirando-se nos antigos filisteus, inimigos bíblicos dos israelitas. Essa mudança não foi apenas geográfica, mas profundamente simbólica: uma tentativa de erradicar a ligação dos judeus à sua terra ancestral.
Reflexão Histórica
A renomeação de províncias não era apenas uma questão administrativa — era uma forma de dominação cultural. Ao apagar nomes, Roma apagava histórias. O caso da Judeia transformada em Palestina é um exemplo claro de como o império tentava reescrever a memória coletiva de um povo. Outras regiões, como Dácia, Cartago e Trácia, também foram vítimas desse processo de dissolução identitária.
Hoje, muitos desses nomes ressurgem em estudos arqueológicos, textos clássicos e debates sobre identidade nacional. Mas o legado romano permanece: um império que moldou o mapa — e a memória — do mundo antigo. Roma aplicou o princípio de “divide et impera”: fragmentou as tribos, recompensou líderes colaboracionistas e impôs leis romanas.


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