quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A proliferação das Artes Marciais



Hoje, enquanto ia ao carro buscar umas coisas, aproveitei para levar as minhas calças de treino de KravMaga (as únicas em bom estado de se apresentar na rua), e cruzei-me com um vizinho que saia da sua carrinha (a fazer publicidade da escola de Capoeira onde ele ensina), e mais abaixo cruzo-me com um moço brasileiro que anda sempre com as suas tshirts de Jiu-jitsu.
Tudo isto fez-me pensar, ao ponto de montar na minha mente mais uma divagação suficientemente elaborada para “Bloggar”, quase sem precisar de esforço.

No local onde leciono, tenho alunos que praticam Artes Marciais (Jiu-jitsu, Taekwondo e Capoeira), tenho alunos que são simplesmente Rufias e que só sabem bater, tenho os que tentam aprender o máximo de cada um (criando o estatuto de “Aluno Beta”, como já falei em tempos), e temos todos os outros alunos “vítima” ou “Omega”.

No meu tempo de juventude, tínhamos o Mestre de Karaté (Wado-Ryu), que chegou à localidade com outro Mestre (que mais tarde veio a ser o meu mestre de Wado-Kai), e que começam a ensinar o “KARATE” à criancinhas da localidade. Primeiro no INATEL, mais tarde na CASA DO POVO e por fim na SOCIEDADE FILARMONICA CARTAXENSE… foi assim durante anos. Inclusivamente, tive amigos meus que foram até ao Cinturão Negro e outros Castanho tendo começado já depois de eu sair (por desistência). Já naquela altura eu tinha curiosidade em experimentar, mas não havia mais nada por aqueles lados, a não ser a oferta de aulas de Karaté (era isso ou danças de salão, hehehe).

 Passaram estes anos todos e para além do Karaté Wado-Ryu, do Karaté Wado-Kai (um no Cartaxo e outro em Santarém), da Capoeira, do MuayThai, do KravMaga e um ou outro seminário em Keyshi, as ofertas ficaram cada vez mais à mostra (e só não testei Jiu-jitsu porque o kimono era muito caro e não compensava, se a ideia era só experimentar e perceber as bases).

Após todas estas décadas que se passaram deste o tempo em que tentava fazer a espargata como o VanDamme, fazer alongamentos de costas como o BruceLee, ter o estilo de serenidade do ChuckNorris e a posição de combate do SteveSegal, agora temos qualquer individuo (com boa ou má índole), a saber qualquer coisa sobre Artes Marciais:
- O Assaltante que saiba Artes Marciais, já fica a saber que a arma mais perigosa/poderosa fica para trás, e para a frente só vai o braço mais “fraco”, mantendo-se o máximo possível a longa distância da Vitima;
- O Assaltado já sabe que tem de manter a calma, parecer inofensivo e pacífico, para esperar o melhor momento de surpreender o seu atacante e impedir a concretização do acto;
- Qualquer Agente da Autoridade que vá resolver uma situação fica cada vez mais ciente que a pessoa que vai algemar, pode saber reverter um ArmLock e coloca-lo numa posição complicada de resolver;
- E as crianças, cada vez mais vão testando as suas capacidades umas nas outras… Porque a quantidade de DOJOS e de ESCOLAS e de GINÁSIOS (onde uma Arte Marcial vai de oferta, na compra de “X” horas de musculação e de cardio),  que não significa propriamente que está a ser feito pela pessoa com a melhor Filosofia de vida, nem a melhor Capacidade e Experiência, que um mero “diploma” adquirido de outro “diplomado” que fez uma formação no sitio “Y” que lhe deu o direito a “diplomar” outros, pior do que isso, POR DINHEIRO e como meio de SUBSISTÊNCIA.  Acaba-se aquela ideia romântica do Miyagi, que só ensinava a QUEM ele achava que merecesse e a QUEM ele achasse que precisasse (e como pagamento tinha o carro encerado e o chão afagado). 

Basta abrir o Youtube e ver o que anda por aí a ser vendido. Que aos olhos das pessoas inexperientes e sem noção do que é a realidade nas ruas, pensa que realmente as coisas acontecem assim… Se por um lado, temos muitas Artes Marciais, mais variadas e com mais Escolas, por outro lado, temos mais charlatanices, mais gato-por-lebre, a ensinar coisas perigosas a pessoas perigosas, ao mesmo tempo que ensina fantochadas as pessoas crentes.

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